RMN | Climatização em ambientes de grande concentração
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13 jun Climatização em ambientes de grande concentração

“Em ambientes de grande concentração de pessoas devemos ter em mente que a preservação da saúde dos ocupantes deverá ser nossa principal preocupação. Para isso não basta pensarmos em sistemas para reduzir a temperatura dos ambientes, mas que possam garantir a renovação e filtragem do ar insuflado nesses ambientes. Para favorecer a dispersão de poluentes gerados pelos ocupantes a renovação de ar pode ser controlada, garantindo que o ar do ambiente seja trocado, pelo menos uma parcela de ar externo. Em complemento, com o objetivo de remover o material particulado que fica em suspensão, devemos ter os filtros de ar. Em resumo, uma ótima maneira de se obter bons resultados é seguir as recomendações das normas técnicas, como a NBR 16.401”, informa Renato Nogueira de Carvalho, presidente do DN Projetistas e Consultores da Abrava e diretor da Termax Engenharia.

Na visão de Guilherme Francisco Botana, engenheiro e responsável técnico da Ductbusters Engenharia, usualmente para este tipo de climatização são utilizados equipamentos de expansão indireta (água gelada) com condensação a água.

“Inicialmente deve ser prevista a melhor condição de renovação de ar exterior para os equipamentos de ar condicionado a serem instalados. O sistema de retorno deve ser previsto considerando-se trocas em condições adequadas e também a exaustão de ar com intertravamento entre o sistema de exaustão e o de ar condicionado, a fim de melhorar as condições de trocas no ambiente com melhoria na eficiência térmica e conforto ambiental. Ambientes de grande concentração de pessoas requerem a instalação de equipamentos de alta capacidade de carga térmica aliados a pressão estática elevada e grande vazão de ar, por isso deve ser prevista a instalação de bancos de filtragem para estes equipamentos, visando filtrar o ar de renovação e o ar insuflado. Tendo em vista que para estes locais existe variação na condição de ocupação é recomendada a utilização de fancoil de alta capacidade com ciclo entálpico, beneficiando a condição de economia de energia nos dias em que a temperatura externa (bulbo seco) se apresenta mais baixa que a temperatura interna, ou seja, o equipamento atua em condições de climatização de acordo com o nível de ocupação dos ambientes que está climatizado, mantendo sempre sob controle o resfriamento e umidade relativa do ar, modulando a quantidade de ar exterior de renovação. Ao controlar a umidade relativa do ar dentro desses ambientes, evita-se a formação de fungos causada por descontrole do teor de umidade relativa que pode ocorrer durante o período de taxa de ocupação pequena”, explica Botana.

Usando como exemplo uma sala de aula, Cristiano Brasil, engenheiro da Midea Carrier, diz que a primeira preocupação deve ser quanto aos parâmetros mínimos necessários para se prover aos ocupantes desses ambientes as condições mínimas de conforto (temperatura, umidade relativa, qualidade do ar etc.) necessárias para que eles desempenhem suas atividades de forma satisfatória. “Em uma sala de aula, condições com alta temperatura, alta concentração de CO2, associadas a outros fatores (iluminação inadequada, por exemplo) podem comprometer o rendimento do estudante. A principal ferramenta que o mercado de AVAC possui é a NBR 16401, que tem um capítulo específico no qual são definidos os requisitos mínimos visando uma qualidade do ar aceitável para conforto”.

“Sistemas com filtragem fina no ar externo e no ar de recirculação no mínimo classe M5 são mandatórios em salas de aulas, sejam eles do tipo fancoils, self contained, splitão ou rooftops, ou VRF. Este tema está em fase de revisão junto a ABNT e Abrava no CB-55 quanto ao tema Ar Condicionado central e quanto a filtragem (NBR 16401) segundo recomendações da Norma Europeia EN 13779”, orienta Luciano de Almeida Marcato, vice-presidente do DN Ar Condicionado Central da Abrava e gerente nacional de vendas da Daikin.

Segundo ele, para ambientes com grande variação de ocupação o melhor sistema é o de volume de ar externo variável contra a demanda/ocupação, ou seja, quanto maior o número de pessoas dentro do ambiente climatizado maior será a vazão de ar exterior para renovação e consequente diluição dos níveis de CO2 gerados pela respiração humana. Este tipo de comportamento pode ser visto na norma Ashrae 62.1 e foi recentemente debatido em eventos no Brasil sobre sistemas de água gelada com DOAS realizados pelo PNUD em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, e matéria publicada na revista da Ashrae edição de março de 2016. Já para manter as condições de temperatura e umidade em ambientes com alta carga latente o melhor projeto deveria sempre que possível utilizar tratamento dedicado de ar externo (DOAS) com vazão variável de acordo com a ocupação (DCV – Demand Controled Ventilation) e em sistemas com grande vazão de ar exterior o melhor é aplicar recuperação de calor, seja por rodas entálpicas ou recuperadores por fluxo cruzado.